145. E se de repente eu parar de gostar?

Você já tentou não parar de gostar de pensar em alguém? Já ficou querendo trazer de volta aquela ansiedadezinha da espera; os pensamentos compriiidos, lembranças das conversas, que surgem à primeira nota da canção que tocava enquanto vocês se falavam. Uma sensação boa ao reler conversas, emails, msgs... Uma saudade com uma dorzinha gostosa...

Você tenta entender o que está acontecendo. Revê as últimas palavras. Analisa as características do outro. Pensa se sua atenção se voltou para outra pessoa. Investiga se alguma atitude dele magoou você. Nada de anormal. As circunstâncias são as mesmas do começo de tudo, ou melhores.

Onde foi parar aquela expectativa toda? Por que agora falar, saber opinião, os planos, ideais, e até a existência dele tanto faz?

Não, você não vai achar ruim se ele aparecer no MSN. E nem se ele não aparecer. E a resposta de email pode vir ou não. Sua noite pode ser preenchida por ele ou ficar vazia, tanto faz.

E o tanto faz começa a incomodar você. Porque era uma ansiedade boa que você sentia. E procura reavivar esse sentimento. Relê e repassa suas conversas. Ouve a trilha sonora de vocês. Assiste comédias românticas. Fala bem dele para outras pessoas. Tenta realimentar o sentimento para estar romanticamente pronta para quando se reencontrarem.

E não sabe se tudo isso vai funcionar. Teme que não. Teme que você não tema mais a distância entre vocês. Mesmo querendo torcer para voltar tudo de novo, não consegue se decidir se é isso mesmo que quer.

Não há mais o que ser feito. Só esperar pra saber se tudo vai voltar. Bom é perceber que de certa forma não depende mais de você. Se depois de tanto preparo, o coração não apertar de novo, já está entendido.

Você só sabe que mesmo paradoxalmente, é uma fase muito boa. E uma fase muito importante. Pois “todo fogo que apaga uma chama, reacende o que for pra ficar”.*

*letra de “Ana e o mar”, O Teatro Mágico.